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QA – Uma profissão com Responsabilidade Social

QA – Uma profissão com Responsabilidade Social

Escrever sobre uma área técnica, exata, escrever sobre máquinas (e uma palavra ainda mais doída “hardware”, e quando queremos minimizar… “software”). Escrever sobre uma profissão que fica longe daquilo que chamamos de “humanas”. Escrever sobre profissionais que muitos consideram solitários, e como tenho escutado em tempos de isolamento social: “para vocês é fácil trabalhar nos dias de hoje”…

E escrever sobre a profissão que eu amo e exerço. Escrever sobre aquilo que eu faço desde que me conheço por gente, ou pelo menos, por gente grande: SOU ANALISTA DE TESTES, e sou com todo o prazer do mundo.

Tenho 45 anos e vivi todas as fases que um analista de testes dos anos 90 passou: tínhamos uma profissão fantasma, e sei que muitos vão se identificar com isto.

Tenho gurus que vieram muito antes da minha geração, mas tenho também exemplos muito próximos (fisicamente e nomes que admiro tanto que, mesmo tendo-os conhecido somente por leituras e vídeos, são pessoas tão influentes que as considero próximas): profissionais, estudiosos, pessoas com quem me identifiquei e que diariamente ajudam-me a comprovar que trabalhamos muito além de um computador.

Assim como todas as profissões, mudamos, e somos comprovação do experimento de Leon C. Megginson (na célebre frase do seu discurso em 1963, onde apresenta a sua interpretação da ideia central de “A Origem das Espécies” de Charles Darwin): “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”, e estamos em constante adaptação … não somente nos ajustando às novas tecnologias, às novas linguagens de programação, aos novos modelos de desenvolvimento de software, às novas ferramentas de testes, aos novos conceitos de qualidade, às novas hierarquias dentro de um time de tecnologia, às novas exigências dos nossos usuários; adaptamo-nos porque, em um trabalho de formiguinha (por que sim, infelizmente, o reconhecimento para um analista de teste não voou na mesma velocidade Usain Bolt de muitos profissionais da área da tecnologia da informação), fomos entendendo e fazendo-nos a entender que hoje somos os olhos e ouvidos daqueles a quem entregamos um novo aplicativo, um novo software, uma nova máquina, um novo jogo, um novo sistema que auxilia a muitos profissionais. Com eles vamos ao espaço, entramos em salas de cirurgia, construímos pontes, casas, estamos presentes em reuniões que mudam os rumos (e em bate-papos que muitas vezes salvam o dia), e em tempos de isolamento, estamos em aplicativos que nos ajudam a não estarmos sós (avós vendo como os netos cresceram através de chamadas de vídeos, pais que “abraçam” os filhos por aplicativos de compartilhamentos, amigos se encontrando em salas virtuais, casais que mantiveram o sonho de compartilhar o casamento através de convites e presenças certas em horários marcados em janelinhas diferentes de uma tela de computador, bebês que são apresentados ao mundo por telinhas de celular), trabalhamos para dar suporte a profissionais que precisam ser exigentes por que são eles que nos fazem crescer.

Hoje, somos parte dos entusiastas, que de maneira responsável, através de aplicativos entram nas salas de muitas casas e muitas vezes colorem a vida das crianças; sistemas que possibilitam que aqueles que precisam de necessidades diferentes consigam ter os mesmos direitos porque a vida exigiu esforços diferentes. Hoje mudamos, e temos o dever, como cidadãos do mundo, contribuir para a acessibilidade.

Deixamos de ser o profissional que abre e fecha defeitos, adaptamo-nos porque entendemos que defeitos vão muito além de algo que não funciona conforme uma especificação, defeito é tudo aquilo que dificulta nossas vidas.

Aperfeiçoamo-nos, não podemos parar. Todo dia é um novo dia, e com ele novas exigências nascem, novas olhos e ouvidos … novas maneiras de ver e de ouvir.

Estudamos.
Temos técnicas,
temos processos,
temos ferramentas,
temos modelos,
somos profissionais capacitados,
temos cursos especializados nas mais diversas áreas de testes,
temos certificações específicas,
temos modelo de gestão,
temos gestores respeitadíssimos,
temos livros, artigos, temos leituras especializadas e experimentos comprovados,
temos doutores com D maiúsculo.

Não somos mais importantes que nenhum outro profissional, tão pouco, somos menos. Não somos “de humanas”, mas somos humanos, e isto nos coloca em pé́ de igualdade.

Somos setores importantes dentro de empresas, e quando não podemos ser muitos, ainda assim podemos ser bons.

Não somos seres solitários, não temos como viver sem nossos colegas, não sobrevivemos sem que todas as outras áreas trabalhem juntas, não somos, não podemos e nem queremos ser independentes.

E em épocas de isolamento social, sim, temos facilidades, mas nunca esperamos que este fosse o modelo de trabalho ideal: trabalho remoto quando necessário e como opção para acessibilidade, mas não como ferramenta para nos distanciarmos.

E temos meta para o futuro. Sabemos que na realidade de muitos, facilidades chegam a poucos. Por questões econômicas e um enorme distanciamento social, prioridades são diferentes de acordo com as necessidades; mas sendo os olhos, queremos que todos vejam o belo, e sendo os ouvidos, queremos que todos ouçam a boa música e entendemos que ver, não se resume a enxergar e, ouvir, não se resume escutar.

O hoje mudou, nossas metas mudaram, continuamos exatos, mas não somos máquinas.

por Danielle Trevisi de Araujo

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